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domingo, 26 de julho de 2009

Clube do Filme

Após um breve hiato sem escrever, resolvi registrar o segundo texto no blog. O motivo foi que encontrei um livro bem interessante numa livraria aqui de Bauru. Logo que entrei no estabelecimento esbarrei no chamado Clube do Filme. Um nome bem sugestivo, ainda mais para uma pessoa que gosta de cinema como eu. Outro fato que chamou minha atenção foi o nome do autor do livro, David Gilmour.

Nome curioso por ser homônimo do guitarrista e vocalista da banda Pink Floyd. Até pensei que autor e artista fossem o mesmo. Porém, depois de folhear por alguns instantes o book, acabei descobrindo pela foto da contracapa que os dois eram pessoas distintas. Então, uma vez que o livro estava em minhas mãos, não tive outra opção senão descobrir qual era o mote dele.

Basicamente foram estas as primeiras palavras que li: "eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho querido, aos 15 anos, infeliz e totalmente fracassado como aluno do ensino médio. A derrota, o desinteresse do estudante e o tempo livre de Gilmour motivaram uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia parar de estudar, desde que assitisse semanalmente a três filmes escolhidos por ele, o pai". Um pouco forçado é verdade, pois é difícil crer que um garoto de tal idade seja um completo fracassado ou, ainda, um " sem perspectiva de vida".

A vontade de saber o que aconteceria com o adolescente levou-me a comprar o livro sem pensar duas vezes. A história atípica e o convidativo preço de R$ 24,90 foram decisivos. Quando cheguei em casa mal pude esperar para terminar a leitura da contracapa. Em pouco tempo já estava na metade do livro. Essa voracidade literária foi devida à linguagem descontraída e ao leve toque de humor. Logicamente que uma educação pautada quase que exclusivamente em sessões de cinema chegaria a momentos de grande tensão.

Ao longo do livro, a relação entre pai e filho ganha contorno à medida que cada filme é assistido. No começo, o pai sente que talvez tenha cometido um engano. Jesse, filho de David, falha em saber alguns dos conhecimentos mais evidentes. Os filmes são escolhidos aleatoriamente pelo pai, de acordo com a maturidade que Jesse demonstra. Com o tempo, o pai zeloso percebe a evolução do filho e, além disso, os filmes servem como ponte para a discussão de temas complexos para ambos.

Os filmes acabam servindo para o desenvolvimento cultural do rapaz, não apenas para conhecer mais filmes. É a porta de entrada para novos assuntos, desvendar um novo mundo que antes não compreendia. A sessões são variadas e o pai se preocupa em dividir algumas delas de acordo com o estilo: terror , filmes raros, entre outros.

A grande vantagem do livro é falar sobre os filmes de maneira indireta, com breves comentários a respeito das personagens e dos atores. O principal é, realmente, a relação entre David e Jesse. Com boa dose de humor, apresenta, ainda, passagens onde o autor revela suas impressões sobre alguns atores.

Exemplos: Harvey Keitel , " grande ator, mas com o cérebro de porco assado"; Richard Gere, " um típico ator pseudointelectual, que não se deu conta de que as pessoas prestam atenção nele por ser uma estrela de cinema, e não por ser um pensador"; Jodie Foster, "entrevistá-la é como arrombar o Forte Knox"; Dennis Hopper, "desbocado, engraçado, um grande sujeito"; Vanessa Redgrave, "calorosa, majestosa, entrevistá-la era como conversar com a rainha"; o cineasta Stephen Frears, " mais um inglês que não sabe dosar o uso de colônia pós-barba;não me surpreende que nenhuma mulher tenha conseguido colocar as mãos no cara"; Yoko Ono, "defensiva e convencida demais; quando perguntei sobre as motivações e implicações de seu último projeto, ela respondeu:"Você faria essa pergunta a Bruce Spingsteen?""; Robert Altman, "falante, culto, despreocupado; não me admira que os atores trabalhassem para ele por qualquer trocado"; o cineasta americano Oliver Stone "muito masculino, mais inteligente que os roteiros que escreve: "Guerra e Paz? Deus do céu, que tipo de pergunta é essa? São dez horas da manhã!"".

Um comentário:

Miguel disse...

Realmente sempre surpreendente meu amigo, vc acha cada pérola.
Quero esse Livro mlk.
Abraços,