Inimigos Públicos

Na última sexta-feira foi a pré-estréia do filme Inimigos Públicos aqui em Bauru. Com um tema de máfia, não foi muito difícil despertar meu interesse pela superprodução. Não é de hoje que possuo certo apreço por este tipo de assunto. É fácil descobrir o porquê. Apenas um filme é o suficiente para entender a situação: O Poderoso Chefão. Filme que figura em algumas listas como sendo o melhor de todos os tempos, tarefa complicada quando pensamos no inovador Cidadão Kane. Um marco. Filme que projetou Francis Ford Coppola, além de influenciar uma série de outros filmes.

Pense em Era Uma Vez na América de Sergio Leone ( com Robert De Niro), Os Intocáveis ( com grande elenco), Os Bons Companheiros e Cassino de Martin Scorcese ( e com Robert De Niro ...), Ajuste Final dos irmãos Coen e o mais recente O Gângster ( com Denzel Washington). Uma lista pequena, mas bem representativa.

Tendo isso em mente, quis assistir ao filme na pré-estréia mesmo. Repensei e acabei chegando à conclusão que não era uma boa ideia: no horário mais interessante, que era o das 22:30, o filme seria exibido no cinema do shopping local. Um grande desafio para assistir, pois é muito movimentado de sexta, um verdadeiro tumulto. Abortei a missão e resolvi ir no sábado. Mas sabe como é ... deu aquela preguiça básica e tive que me contentar em assisti-lo hoje mesmo, na sessão das 16:10. Um pouco cedo, é verdade, mas igualmente bom, pois com o cinema vazio fica mais difícil de ter alguém incomodando na sala.

Começo do filme! Fotografia escura, câmera filmando a metade de baixo dos corpos. Clima de tensão. Presos acorrentados em movimento. Isso me faz lembrar, em certa parte, o filme "E aí meu irmão, cadê você?" dos irmãos Coen. A estrela do filme aparece: o "bonitão" Johnny Depp ( John Dillinger no filme). É levado em um carro para a prisão. Lá organiza uma rebelião onde solta vários presos. Todos saem em uma fuga de muita ação. Tiro para todos os lados, Dillinger fica paradão atirando nos policiais. Estilo do Albert Finney em cena de Ajuste Final. Após tentarem colocar fogo em sua casa, enfurecido, o personagem esconde-se sob a cama, atira nos pés dos bandidos, pula a janela, atira no carro dos bandidos que em seguida explode.

A época retratada é a década de 30. Contexto da Grande Depressão americana, mais precisamente o ano de 1934. Dillinger é esperto, adorado pelo povo, carismático. Suas características acabam colocando o espectador a seu favor. Todos torcem por ele. Na primeira cena de um roubo a banco, o ambiente faz lembrar a estação de trem em cena de Os Intocáveis. Tudo é grandioso. Cenários, atores, carros antigos, armas. Com relação aos outros filmes citados, este é o único que tem como assunto assalto a bancos. Os outros estão relacionados a jogos, drogas e tráfico de bebidas na época da lei seca nos EUA.

No entanto, apesar de conter tantos ingredientes para um bom filme, o enredo peca pela falta de ação em algumas partes. Podemos até argumentar remetendo à beleza de Era Uma Vez na América, em sua poesia, em como o Robert De Niro encerra bem o filme em uma casa de ópio. Não é o caso de Inimigos Públicos. A falta de agitação faz com que o espectador espere por algo que nunca acontece, alguma reviravolta, uma surpresa, um desfecho surpreendente. Como nada disso acontece, tudo fica na imaginação.

Um final impactante seria muito bom para salvar o filme. Infelizmente não aconteceu. No entanto, ir ao cinema é sempre uma experiência boa. Nunca é tempo perdido, sempre é aprendizado. Caso gostem desse tipo de tema vale a pena conferir. Caso estejam curiosos para vê-lo, a fotografia agrada bastante.